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Texto literário e suas representações: entenda como isso funciona

O texto literário se diferencia, sobretudo, por sua carga estética. Exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem

texto literário

As representações literárias carregam consigo muitas ambiguidades e metáforas, visto que são estas características que criam um texto diferenciado e atrativo aos leitores. No entanto, isso gera constante discussão sobre a estrutura do texto literário. Para entender melhor como isso funciona, acompanhe a leitura deste artigo.

Como já falamos anteriormente, o texto literário se apresenta como um instrumento artístico de análise e compreensão do mundo e do homem, além de demonstrar como nos relacionamos em sociedade. Assim, os grandes autores da história da literatura, tais como: Platão, Camões, Shakespeare, Machado de Assis, entre muitos outros, se dedicavam na busca da compreensão da alma humana.

Funções e natureza do texto literário

Primeiramente é preciso considerar que a literatura não tem um função absoluta, sendo que cada leitor se relaciona com o texto literário de uma forma diferente. Por exemplo, para algumas pessoas, ler um poema pode ser uma forma de compreender seus sentimentos, já para outros pode ser uma forma de conhecer outras realidades. 

Assim, podemos dizer que a literatura tem um papel fundamental na construção do indivíduo enquanto sujeito e cidadão, visto que por meio do texto literário é possível compreender a si mesmo e as mais diversas dinâmicas do mundo. 

Sendo assim, desde sempre existem controvérsias em torno da natureza e da função da literatura. Os filósofos do mundo antigo se dedicavam ao estudo da arte literária, que consideravam que toda a criação era uma imitação da natureza verdadeira.

Instrumento ideológico

Em outra vertente, a literatura pode ser considerada um instrumento ideológico, uma forma de convencer o leitor a aceitar os defeitos da sociedade. Contudo, ela oferece ao leitor meios para que ele próprio possa expressar sua criticidade e posicionar sua opinião acerca dos temas abordados.

Por lidarem com a palavra e comunicarem aos indivíduos seus sentimentos, conflitos e decisões, as obras literárias exercem naturalmente uma função ideológica. Sendo que manifestam ideias e concepções da sociedade, exprimindo valores morais, sociais e políticos, mesmo que esse não seja o objetivo.

Uma das funções do texto literário é a comunicação intensa, sendo que, neste caso, a língua é fundamental para projetar o enredo, os personagens, os relacionamentos e os conflitos da trama.

Atualmente uma das funções primordiais da literatura é a renovação da linguagem, sendo que ajuda o leitor a se liberar dos clichês e mistificações que surgem através de décadas, à medida que se tornam desnecessárias.

Características do texto literário

Podemos dizer que as principais características do texto literário são:

  1. plurissignificação: sendo que as palavras, no texto literário, assumem vários significados, onde o texto valoriza a linguagem conotativa, ou seja, o sentido figurado.
  2. ficcionalidade: os textos se baseiam na realidade, transfigurando-a e recriando-a, ou seja, o alcance da escrita ultrapassa para além do real.
  3. aspecto subjetivo: o texto apresenta, normalmente, o olhar pessoal do artista, suas experiências e emoções e a visão do mundo em que vive.
  4. ênfase na função poética da linguagem: o texto literário manipula a palavra, revestindo-a de caráter artístico. O artista apresenta na obra literária a sua visão perante seus anseios e exerce uma postura diante do mundo e das pretensões humanas.

Contexto histórico da representação literária

A história tem uma relevância muito grande na literatura, visto que cada período influencia uma marca particular na representação literária, em seus modos, práticas sociais e atividade humana.

Desta forma, percorrendo a história e a representação literária, é possível verificar, por exemplo:

  • O épico nos mostra a necessidade da formação dos povos, a procura da ancestralidade que permite o presente, a necessidade de se percebem humanos, e ao mesmo tempo, escolhidos pelos deuses para a sobrevivência enquanto povo;
  • A tragédia clássica demonstra a forma e um povo já configurado a se desvencilhar dos deuses, além de mostrar a força da construção sobrenatural sobre os atos humanos;
  • A arte medieval glorifica não mais os deuses, mas apenas um, que será o guia da humanidade.

A partir do renascentismo, a natureza do sujeito passa de uma subjetividade para a individualidade, onde os indivíduos começam a representar o deslocamento consciente das reflexões artísticas. Em suas obras, Shakespeare nos mostra, por exemplo, quanto os laços familiares da feudalidade estavam se tornando impedimento para a realização do individualismo.

Shakespeare
Willian Shakespeare

Marco histórico: a modernidade

Os momentos históricos anteriores à modernidade apresentam semideuses buscando a constituição dos povos. Sendo assim, nessa fase observam-se homens e mulheres agradecidos a Deus pela existência terrena. Sendo que somente com a chegada da modernidade é que os indivíduos passaram a se verem como autores da própria trajetória e exercer uma prática social desvinculada dos deuses.

Da modernidade em diante o sujeito se complexifica e se torna contraditório, pois vive sob condições objetivas determinadas, mas tem consciência de que pode se mover e interferir nelas. 

A literatura contemporânea, por sua vez, tornou o texto literário mais dinâmico e sob constante renovação, juntando novos valores e formas. Podendo assim ser contemplado no futuro com outras funções antes não verificadas. O advento da internet e da mídia eletrônica tornam a representação literária viva. Sendo que, nunca na história, a relação entre literatura, autor e leitor foi tão próxima.

História da literatura no Brasil

A literatura no Brasil está intrinsecamente ligada à literatura portuguesa. Aliás, durante muito tempo, toda produção literária esteve subjugada ao pensamento português. Contudo, a partir do Romantismo, nossa literatura emancipou-se, alcançou sua autonomia e criou manifestações literárias próprias. 

Sendo assim, para facilitar o estudo de nossa literatura, didaticamente, ela foi dividida naquilo que conhecemos como Escolas Literárias, que podem ser divididas em:

Quinhentismo

Literatura produzida nos primeiros anos do descobrimento do Brasil, por volta do século XVI. O Quinhentismo é dividido em literatura de informação e de catequese. Dentre os autores deste período destacam-se: Pero Vaz de Caminha (1450–1500), Pero de Magalhães Gandavo (1540–1580), Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) e Padre José de Anchieta (1534-1597).

Barroco

Obras produzidas por volta do século XVII, sob influência do Barroco europeu. Sendo os principais autores: Bento Teixeira (1561-1618), Gregório de Matos (1633-1696), Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), Frei Vicente de Salvador (1564-1636) e Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768).

Arcadismo

Com manifestações líricas, satíricas e épicas, esse movimento ocorreu durante parte do Ciclo do Ouro no Brasil, no século XVIII. O principal autor deste período foi Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu o livro lírico “Marília de Dirceu” (1792) e as satíricas “Cartas Chilenas” (1863);

Romantismo

Movimento literário das primeiras décadas do século XIX, o Romantismo foi fundado de várias bases da nossa identidade nacional, com autores como Gonçalves Dias e José de Alencar.

Realismo / Naturalismo

Em oposição ao Romantismo, o Realismo e o Naturalismo ocorreram nos anos finais do século XIX e tiveram como principais expoentes Machado de Assis e Aluísio Azevedo, respectivamente.

Simbolismo

Movimento poético de revolução nos signos linguísticos e nas percepções sobre o sujeito, o Simbolismo ocorreu no final do século XIX. Os principais autores foram: Cruz e Souza (Brasileiro); (Tropos e Fantasias); (Missal e Broquéis); (Evocações); (Faróis); (Últimos Sonetos); e Eugênio de Castro (Português); (Oaristo); (Horas); (Silva e Interlúdio).

Parnasianismo

Escola literária que buscava atingir o belo clássico por meio do apurado trabalho formal dos poetas, comparados a ourives. Os principais autores foram: Raimundo Correia: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898). Curiosidade: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formaram a chamada “Tríade Parnasiana”

Pré-modernismo

Embora não seja exatamente um movimento literário, o Pré-modernismo foi um período histórico com autores fundamentais, como Monteiro Lobato, Lima Barreto, Euclides da Cunha e José Lins do Rego.

Modernismo

Movimento fundado em 1922, durante a Semana de Arte Moderna, é considerado o marco inicial da literatura brasileira do século XX. Os principais autores brasileiros foram: Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945), Manuel Bandeira (1886-1968), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Rachel de Queiroz (1902-2003), Jorge Amado (1912-2001), Érico Veríssimo (1905-1975) e Graciliano Ramos (1892-1953).

Literatura Contemporânea

Por sua vez, é considerada Literatura Contemporânea brasileira toda manifestação literária produzida após os anos de 1945 no Brasil. Podemos citar aqui alguns autores da atualidade como, por exemplo: Ariano Suassuna, Antônio Callado, Adélia Prado, Caio Fernando Abreu e Carlos Heitor Cony.

Preparação para o Enem

As representações literárias são tema recorrente no Enem, além disso, são um dos temas mais abrangentes, sendo que se referem à área do conhecimento de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

Ela, por sua vez, envolve 9 áreas de Competências, sendo elas: Língua Portuguesa -Gramática e Interpretação de Texto, Língua Estrangeira Moderna, Literatura, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação que são subdivididas em 30 habilidades específicas. Assim, é importante dedicar um bom tempo de estudos para esse conteúdo.

Exercício comentado

Para lhe ajudar a entrar no clima do exame, segue um exercício comentado para auxiliar nos seus estudos. Confira:

Questão 1

(…) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova:

– “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.” (….)_

 (Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.  Ilustrado por Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.)

(Portinari)

Então, agora compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor:

a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.

b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.

c) distorce a cena descrita no romance.

d) expressa um sentimento inadequado à situação.

e) contraria o que descreve Machado de Assis.

Resposta Correta: “A”

Primeiramente, ao relacionar o trecho de Machado de Assis com a ilustração de Portinari, percebemos algumas diferenças entre eles. A começar pela descrição da chuva, que no texto aparece como uma fina chuva, enquanto a imagem distorce a realidade do texto, sendo ilustrada como uma chuva mais forte, densa, o que confirma a letra A e distorce a letra B. As letras C, D e E, respectivamente, estão erradas, pois apesar de detalhes ausentes no texto verbal, a imagem não contraria a cena descrita, tampouco expressa um sentimento de inadequação à situação.

Fonte: Descomplica.

Resumo geral

Em suma, as representações literárias são importantes no contexto histórico da sociedade desde o início do tempos. Contudo, elas têm o poder de conduzir o leitor a condições do período em questão, apresentando a realidade de uma forma diferenciada, ajudando a questionar ou a conformar o indivíduo com os padrões da sua época. Sendo assim, os autores são responsáveis por uma parte significativa da história contada sobre a sua época, tanto no Brasil como em todo o mundo.

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Imagens: Shakespeare, livros,

Escrito por Redator Especialista em Literatura

Redator especialista em Literatura no Guia do Ensino.

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