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Ditaduras na América: confira quais foram

Do final da Segunda Guerra Mundial até a década de 80, várias ditaduras na América foram registradas em diversos países. Vamos conhecer um pouco mais desta história

ditadura nas américas

As ditaduras na América ocorreram, em suma, no período em que a ordem internacional estava em meio ao enfrentamento da Guerra Fria. Sendo que, nesta época, os EUA desenvolveram vários mecanismos de combate ao expansionismo comunista.

Assim, por volta de  1950, foi estabelecida pelas autoridades do país a Doutrina de Segurança Nacional, que era embasada em  diretrizes que procuravam combater o “perigo vermelho” dentro e fora do território norte-americano.

Assim, a partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os Estados Unidos intensificaram a vigilância sobre a América Latina. Isso originou, por exemplo, a Aliança para o Progresso, programa instituído por Washington conjuntamente a diversas lideranças latino-americanas. A aliança visava melhorar os índices socioeconômicos da região, assim como, frear o crescimento das alternativas socialistas.

Conservadorismo

No entanto, mesmo com todos os esforços neste sentido, muitos grupos de esquerda e simpatizantes da causa comunista cresceram em várias nações da América. Assim, forças conservadoras se mobilizaram para barrar o crescimento destas vertentes, o que levou a diversas ditaduras na América entre os anos de 60 e 70, conforme veremos detalhadamente a seguir.

As ditaduras na América, em síntese, foram oriundas da crise do populismo, que elevou a inflação, a concentração fundiária e os gastos públicos, isso aliado aos esforços dos EUA e da elite nacional latino-americana em conter a expansão do comunismo.

Conheça as ditaduras na América

Contudo, foram inúmeras as ditaduras na América que surgiram entre os anos 60 e 70, sendo que vamos estudar as principais a partir de agora. Então, vem comigo e confira!

Ditadura da Guatemala e Paraguai (1954)

Foi a primeira intervenção direta dos EUA no continente americano, que derrubou Jacobo Arbenz, então presidente da Guatemala. Sendo que em 11 de julho, o chefe do Estado-Maior do Paraguai, general Alfredo Stroessner, comanda um golpe contra o presidente Federico Chávez e assume o poder. Até o fim do ano, 13 das 20 nações da América Latina foram dominadas por militares.

O Golpe de Estado no Paraguai ocorreu em maio de 1954 sendo liderado por Alfredo Stroessner, com o apoio de Epifanio Méndez Fleitas, e resultou na derrubada do governo de Federico Chávez. O golpe foi o ponto culminante de uma série complexa de rivalidades políticas dentro do Partido Colorado. 

Ditadura militar na Argentina (1966-1973 e 1976-1983)

A ditadura militar na Argentina teve como pontos de origem a crise do peronismo, assim como a formação de grupos radicais de esquerda como, por exemplo, os Montoneros, e o fortalecimento das forla conservadoras, dentre elas as forças armadas, a igreja e os empresários.

Assim, os militares argentinos depõem Arturo Frondizi, presidente desde 1958. Tendo sido apenas mais um golpe na Argentina, que teve depostos todos os seus presidentes desde Perón, que assumiu em 1946, a Isabelita Perón, em 1976.

Dentre as características marcantes podemos citar:

  • antiperonismo;
  • anticomunismo;
  • repressão (censura, prisões, torturas e assassinatos);

Ditadura na América – Peru (1968)

Com o triunfo da Revolução Cubana em 1959, as organizações de trabalhadores e campesinos se radicalizaram na tentativa de imitar o exemplo cubano. Sendo que, nesta época, surgiram, ainda no início da década de 60, movimentos armados como o próprio MIR e o “Ejército de Liberación Nacional” (ELN), formado por uma dissidência do Partido Comunista Peruano (PCP). 

Durante o primeiro mandato do então presidente Belaúnde Terry, as Forças Armadas peruanas receberam aval amplo e irrestrito, além de auxílio financeiro, do poder executivo, das oligarquias e burguesias internas e do governo dos EUA, para reprimir e desmantelar os focos de guerrilha nas selvas. 

No entanto, em 1965 todos os movimentos de guerrilhas haviam sido dizimados, mas ao combaterem esses grupos radicalizados, os militares se depararam com a necessidade de realizar reformas estruturais, como parte de uma nova tendência da Doutrina de Segurança Nacional das Forças Armadas, em decorrência da extrema pobreza da maioria da população. Neste contexto a Igreja Católica também teve um papel muito importante na redução dos conflitos sociais. 

Revolução de Cima, o que foi?

Foi a “Revolução de Cima”, como foi denominada, encabeçada pelo general Juan Velasco Alvarado, que iniciou as reformas estruturais na sociedade peruana. 

Assim a ditadura Peruana foi realizada por uma  junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado. Ela instala-se no poder ao depor o líder Belaunde Terry. O primeiro ato de Alvarado foi polêmico e surpreendente: ele nacionalizou a empresa International Petroleum Company, que detinha a principal concessão de exploração de óleo e que estava com impostos atrasados. O governo Velasco foi a primeira ditadura do continente a promover uma reforma agrária.

O governo de Juan Velascos foi marcado pelos seguintes elementos:

  • nacionalismo;
  • anti-imperialismo;
  • reforma agrária;
  • reforma educacional (ensino de quíchua e aimará);
  • crise econômica.

Ditadura na América – Chile (1973)

Na segunda metade do século XX, o Chile passava por um período de ascensão dos setores de esquerda, em meio a forças democráticas. Sendo que Gabriel González Videla foi eleito com a união de setores liberais e da esquerda com a promessa de recuperar o setor social e promover o desenvolvimento do país. No entanto, no exercício do cargo, o presidente se posicionou dentro do contexto da Guerra Fria contra os comunistas, o que frustrou seus eleitores.

Neste período a economia chilena estava em ascensão muito em virtude das empresas estrangeiras, mas o povo que havia eleito Videla não estava satisfeito. Assim em 1970, Salvador Allende foi eleito em virtude da união da esquerda. Esse, por sua vez, promoveu uma política nacionalista de esquerda no país, nacionalizando as empresas estrangeiras, o que gerou insatisfação dos EUA, que passaram a apoiar movimentos de oposição ao governo.

Então, em setembro de 1973 militares deram um golpe de Estado que resultou no assassinato de Salvador Allende, e que culminou na implantação da ditadura no Chile, sob o comando do general Augusto Pinochet, responsável pelo assassinato de Allende. Essa época foi marcada por um governo autoritário empenhado em caçar os opositores e os esquerdistas nacionalistas. 

Governo Pinochet

Em 1980, Augusto Pinochet promulgou uma constituição que legalizava seu governo ditatorial. Mas, em consequência disso, a movimentação popular conquistou a realização de um plebiscito popular em 1987 que resultou na proibição da permanência de Pinochet no governo do país. Dois anos após, Patrício Aylwin foi eleito para o cargo de presidente, acabando com o regime ditatorial de Pinochet e dando início à punição dos militares envolvidos com os crimes da ditadura.

Desta forma o golpe de Estado de 1973 teve como principais fatores:

  • oposição das elites econômicas ao governo socialista de Allende;
  • oposição dos Estados Unidos (contexto da Guerra Fria).

Além disso, apresentou como principais consequências:

  • queda de Allende (suicídio no Palácio de La Moneda);
  • ascensão do general Augusto Pinochet ao poder (com apoio dos EUA).

Ditadura na Nicarágua (1979)

A ditadura na Nicarágua está diretamente ligada à sua economia baseada na exportação de produtos primários, como o café. Isso porque, uma vez que sendo uma oligarquia rural ligada aos partidos Liberal e Conservador, interessavam aos EUA por sua posição estratégica e possibilidades econômicas.

Sendo assim, em 1855 ocorreu a primeira intervenção direta norte-americana, sucedida pela ocupação militar de 1912 a 1925, período esse em que o país passou do âmbito da influência do Reino Unido para a esfera dos EUA e de 1926 a 1933, a pretexto de restaurar a convulsionada ordem interna.

Em 1927, pressionada por Washington, a Nicarágua firmou o Pacto del Espino Negro, que condicionava a desocupação à criação de uma Guarda Nacional, cujo comando foi assumido por Anastácio Somoza Garcia.

Assim, enquanto a maioria dos países do continente estava tomada por ditaduras, uma revolução popular provocava um golpe de esquerda na Nicarágua. Os revolucionários conseguem chegar ao poder em julho, depondo Anastasio Somoza, ditador desde 1967. O novo governo, de Daniel Ortega, passa a enfrentar uma contra-revolução apoiada pelos Estados Unidos.

Economia

Desta forma, a  Nicarágua passa a viver um relativo crescimento econômico e diversificar a agricultura tradicional com a intensificação da cultura do algodão. Surgem novos setores burgueses nas cidades e no campo, consolida-se o modelo agrário-exportador e intensifica-se a concentração fundiária, com a expulsão dos camponeses de suas terras.

No entanto, o desenvolvimento capitalista não foi acompanhado pela evolução das instituições do Estado, mantendo-se a ditadura nos moldes oligárquicos tradicionais, com todo um sistema de violências e arbitrariedades. Em 1956, Somoza é assassinado. A presidência passa a ser ocupada pelo filho mais velho, Luis Somoza Debayle, e a Guarda Nacional pelo filho caçula, Anastácio Somoza Debayle.

Ditadura na América – Bolívia (1982)

A Bolívia é o país campeão em quarteladas e contragolpes em todo o século 20, sendo que teve dezenas de presidentes desde 1964, quando foi derrubado o presidente de esquerda Paz Estenssoro (golpista e depois eleito democraticamente). Ele voltou ao cargo em 1985 com a democratização do país, mas enfrentou fortes crises econômicas e não estabilizou a política.

Os governos militares da Bolívia (1964-1982) realizaram uma conservadora política de reformas econômicas, como a reabertura da indústria das minas de estanho ao investimento privado estrangeiro. René Barrientos, durante seu mandato, manteve uma aliança com os militares e com os camponeses, mas enfrenta os mineiros e trabalhadores.

Porém, a Guerrilha de Ñancahuazú, comandada por Ernesto Che Guevara entra em erupção, e ele é forçado a depender dos militares para enfrentar este movimento de guerrilha que havia começado a operar em regiões montanhosas. Em outubro de 1967, o exército boliviano afirmou que havia derrotado os rebeldes e Che Guevara, que logo depois foi executado.

Banzer

O regime de Banzer aboliu o movimento trabalhista, suspendeu os direitos civis e enviou tropas para os centros de mineração. Além de se alinhar aos governos militares anti-esquerdistas de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. 

Em 1980, o general Luis García Meza organizou um golpe de Estado apoiado pelos paramilitares recrutados pelo criminoso de guerra nazista Klaus Barbie e o terrorista italiano Stefano Delle Chiaie. Esse governo é caracterizado pela repressão brutal de seus oponentes, registrando prisões e assassinatos. O pouco apoio da população pobre e da comunidade internacional, bem como provas de vínculos com o tráfico de drogas, levaram o governo de fato ao fim em 1981.

Ditadura e Golpe Militar de 1964 no Brasil

A Ditadura Militar no Brasil foi o período em que os governos militares estiveram à frente do Brasil, entre 1964 e 1985. Sendo que foi um dos  mais tensos da história brasileira e ficou marcado pela falta de liberdade, pelo uso de tortura contra os opositores políticos e pela prática de terrorismo de Estado. A Ditadura Militar foi iniciada por um golpe civil-militar realizado em 1964, contra o então presidente João Goulart.

O golpe militar no Brasil, foi concentrado no movimento de derrubada do governo Goulart, por uma aliança entre políticos liderados pelo governador Magalhães Pinto e os militares comandados pelo general Olímpio Mourão Filho. Em suma, o golpe contra o governo Goulart foi desencadeado no dia 31 de março de 1964 por decisão individual do general Mourão Filho, que marchou com suas tropas de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro. 

Asilo

A resistência pró-Goulart foi rapidamente esmagada. Ainda no dia 1º de abril líderes trabalhistas foram detidos, e o governador Miguel Arraes foi preso em Pernambuco. A resistência continuou em Porto Alegre, mas já no dia 2 de abril o III Exército aderiu ao movimento. No dia 4, Goulart buscou asilo no Uruguai, onde morreria em 1976 sem conseguir voltar ao Brasil.

Durante o período da Ditadura no Brasil, o país teve cinco presidentes militares, sendo que todos foram eleitos indiretamente, ou seja, sem a participação do voto popular, sendo eles:

  • Humberto Castello Branco (1964-67);
  • Artur Costa e Silva (1967-69);
  • Emílio Médici (1969-74);
  • Ernesto Geisel (1974-79);
  • João Figueiredo (1979-85).

Consequências do Golpe de 1964

A ditadura no Brasil, assim como nos demais país da América, deixou marcas profundas que são sentidas até hoje, sendo que dentre elas podemos citar:

  • 434 mortos por conta do autoritarismo do regime, além de mais de 8 mil indígenas mortos pela política de ocupação da Amazônia;
  • 20 mil torturados;
  • quase cinco mil pessoas com direitos políticos cassados;
  • aumento da corrupção, pois não havia liberdade para investigar os crimes dos militares;
  • redução nos direitos dos trabalhadores;
  • aumento da desigualdade social;
  • aumento do endividamento do Brasil;
  • inflação alta e crise econômica.

Dicas para o Exame do Enem

Como vimos até aqui as ditaduras na América deixam muitas marcas históricas que perduram até hoje. Além disso, não foi só o Brasil que sofreu neste período. Para se sair bem no exame do Enem, também é importante conhecer a fundo as ditaduras na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Pela sua relevância histórica esses temas sempre aparecem nas provas.

Assim é essencial conhecer o contexto em que essas ditaduras aconteceram, para conseguir responder às questões do exame adequadamente. Lembrando que todas, surgiram no cenário da Guerra Fria, onde os EUA temiam o crescimento das ideias da Revolução Cubana pelo continente americano.

Então, para ajudar, confira a seguir as questões que já apareceram em provas importantes!

Questões que já caíram em exames

Questão 1

(FUVEST-SP/2002) “Na presidência da República, em regime que atribui ampla autoridade e poder pessoal ao chefe de governo, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem dúvida alguma, no mais evidente incentivo a todos aqueles que desejam ver o país mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil.” (Manifesto dos ministros militares à Nação, em 29 de agosto de 1961).

Esse manifesto revela que os militares

a) estavam excluídos de qualquer poder no regime de democracia presidencial.

b) eram favoráveis à manutenção do regime democrático e parlamentarista.

c) justificavam uma possibilidade de intervenção armada em regime democrático.

d) apoiavam a interferência externa nas questões de política interna do país.

e) eram contrários ao regime socialista implantado pelo presidente em exercício.

Resposta correta: Letra C.

É possível ver que o interesse dos militares em assumir o governo federal já se desenhava muito antes do golpe, ocorrido em 1964. Onde, ao falar da ameaça contra a ordem, buscavam projetar um cenário político e econômico visivelmente influenciado pelo discurso comunista. Sendo assim, preparavam a aceitação do golpe, arquitetando o desenvolvimento de uma tensão que transformava a intervenção militar em atitude necessária.

Questão 2

(UDESC) “Organizadas em oposição a João Goulart, as Marchas da Família se transformaram em forte apoio ao governo militar, reunindo uma massa de civis, nas capitais e interior do país.” (REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Ano 1, n. 8, fev./mar. de 2006. p. 60.)

Relacionando o fragmento acima ao golpe militar no Brasil, é correto afirmar:

a) As torturas e as perseguições políticas são matérias para ficção, pois o Brasil sempre foi um país estável politicamente.

b) Havia receio dos setores mais progressistas do Brasil de que os norte-americanos invadissem o país.

c) O medo, em relação ao comunismo, não existia no meio social, posto que o país, em especial suas elites, sempre foi simpático às ideias comunistas.

d) Por ocasião do golpe houve um movimento civil conservador, inicialmente organizado em oposição ao governo do presidente trabalhista João Goulart, manifestado nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade.

e) Não houve exílio de brasileiros, pois a Constituição de 1967 garantia a liberdade de expressão política.

Resposta Correta: Letra D.

Os movimentos de caráter conservador chamados de “Marchas da Família, com Deus, pela Liberdade”, tiveram um grande impacto no contexto da deflagração do Golpe Militar, ou Revolução de 1964.

Fonte: Só Exercícios.

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Imagens: Paraguai, Argentina, Peru, Chile, Brasil, Bolívia, Nicarágua.

Escrito por Redator Especialista em História

Redator especialista em História no Guia do Ensino.

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