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Entenda como foi a primeira geração modernista no Brasil

A primeira fase ocorreu de 1922 a 1930 e também foi chamada de Fase Heroica

tela Abaporu de Tarsila do Amaral na primeira geração modernista
Abaporu, 1928, Tarsila do Amaral

O início do século 20 foi marcado por um movimento literário e artístico que rompeu barreiras e criou um novo paradigma. Foi a primeira geração modernista. A escola literária teve representantes no Brasil e em Portugal, sendo marcada pelo nacionalismo, pela crítica e pelo sarcasmo. Para entender melhor o movimento, leia o artigo até o final.

Primeiramente é interessante entender que o Modernismo teve três fases distintas no Brasil, a saber:

  • 1ª fase: 1922-1930 (chamada de Fase Heroica)
  • 2ª fase: 1930-1945
  • 3ª fase: 1945-1960 (conhecido por Pós-Modernismo)

O marco inicial do Modernismo no país foi a Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal, em São Paulo.

O evento foi marcado, por consequência, por apresentações musicais, declamações de poesias e exposições.

Resumo da primeira geração modernista

A primeira geração modernista não se restringiu apenas à escola literária, mas sim a todo o contexto do movimento cultural, artístico e social.

Buscava-se, assim, romper com a visão tradicional das artes, estabelecendo um novo paradigma.

A nova visão esteve, portanto, muito ligada à uma estética inovadora. Sendo assim, o movimento inspirou-se nas vanguardas artísticas europeias, como o cubismo, o expressionismo e o surrealismo.

Principais características

Nesse sentido, a expressão modernista está muito ligada, por consequência, à inovação e ao caráter anárquico, porém com um toque de valorização das brasilidades. Veja as demais peculiaridades do movimento:

  • valorização das raízes culturais brasileiras;
  • críticas ao contexto político e social do país;
  • valorização do cotidiano;
  • ufanismo;
  • nova linguagem;
  • novas experiências estéticas;
  • olhar irreverente e sarcástico.

Contexto histórico da primeira geração modernista

O Modernismo, portanto, nasceu entre a 1ª e a 2ª Guerra Mundial, num período de tensão internacional agravado pela Crise de 1929 nos Estados Unidos, ocasionando a queda da Bolsa de Nova York.

Os países europeus, por sua vez, começavam a viver os duros anos do totalitarismo, com o nazismo, o fascismo, o franquismo e o salazarismo.

Enquanto isso, no Brasil vivia-se a República Velha (1889-1930), durante a política do “café com leite” marcada pelas oligarquias mineira (leite) e paulista (café).

Desse modo, artistas das primeiras décadas do século 20 expressavam nas telas, livros e canções o desejo de romper com esse contexto.

Principais autores

Por isso, fazem parte da primeira geração modernista o chamado “Grupo dos Cinco”. Confira a seguir:

  • Oswald de Andrade (1890-1954)
  • Mário de Andrade (1893-1945)
  • Tarsila do Amaral (1886-1973)
  • Menotti Del Picchia (1892-1988)
  • Anita Malfatti (1889-1964)

Muitos desses artistas, todavia, residiram em Paris e, voltando para o Brasil, trouxeram na bagagem muitas ideias e conceitos sobre a nova forma de fazer arte.

A mídia teve, portanto, um papel fundamental na divulgação dos feitos modernistas. Dessa forma, entre os representantes se destacam: Revista Klaxon (1922-1923) e a Revista de Antropofagia (1928-1929).

Grupos

Os autores, portanto, dividiram-se em alguns grupos modernistas primordiais:

Verde-amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929)

Desse modo, o primeiro grupo elencado, Verde-amarelismo, criticava o “nacionalismo afrancesado” de autores do Pau-Brasil, valorizando o que era tipicamente brasileiro, como o tupi.

A anta, inclusive, foi considerada pelo grupo o símbolo nacional. Ele, por sua vez, era formado por nomes como Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Guilherme de Almeida.

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)

O manifesto foi escrito por Oswald de Andrade e propunha uma literatura atrelada à realidade brasileira. Logo o manifesto ganhou adeptos que defendiam que a arte brasileira deveria ser produto de exportação assim como era o Pau-Brasil. O manifesto, nesse sentido, foi publicado em 1924 após o lançamento do livro de poesias Pau-Brasil.

Movimento Antropofágico (1928-1929)

Os antropofagistas, por seu turno, defendiam a recriação das vanguardas europeias com o intuito de valorizar as brasilidades. Era uma “deglutição” das artes estrangeiras e a absorção da nacional. O nome do movimento, nesse sentido, foi baseado na tela Abaporu de Tarsila do Amaral.

Manifesto Regionalista de 1926

Nesse sentido, o Modernismo não ficou restrito às capitais da região Sudeste. Entre 1925 e 1930, principalmente, ficou muito evidente o movimento regionalista, com a difusão da escola nos demais estados.

O Nordeste, por exemplo, foi muito bem representado por Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, João Cabral e outros. O objetivo era divulgar o Nordeste nos moldes modernistas.

Portugal

O movimento modernista também ocorreu em Portugal com a mesma proposta do brasileiro: romper com o formato convencional, defender os valores nacionais e apresentar novas concepções estéticas.

Entretanto, em Portugal o movimento contou com quatro fases distintas: orfismo, presencialismo, neorrealismo e surrealismo.

Entre os principais autores do Modernismo português estão Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Irene Lisboa e Mário de Sá-Carneiro.

Exemplo de produção da primeira geração modernista

Oswald de Andrade foi um dos grandes nomes da primeira geração modernista. Ele foi um dos representantes da Semana de Arte Moderna, foi casado com Tarsila do Amaral e era conhecido por seu perfil irreverente.

É dele um dos exemplos trazidos aqui sobre o estilo literário, demonstrado no texto “Pronominais”. Veja:

“Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro”.

Caiu no Enem

O Modernismo é uma tema bastante cobrado no Enem e, por isso, a dica é ficar atento às características do movimento, como você pode conferir na questão que já caiu na prova:

(ENEM – 2012)

O trovador

Sentimentos em mim do asperamente

dos homens das primeiras eras…

As primaveras do sarcasmo

intermitentemente no meu coração arlequinal…

Intermitentemente…

Outras vezes é um doente, um frio

na minha alma doente como um longo som redondo…

Cantabona! Cantabona!

Dlorom…

Sou um tupi tangendo um alaúde!

ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é:

A) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.

B) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.

C) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

D) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

E) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

Gabarito: resposta D. A identidade nacional e a visão mais crítica, demonstrada no confronto entre a barbárie e a civilização, são típicas das obras de Mário de Andrade.

Para concluir, a primeira geração modernista nasceu com a intenção de destacar as brasileiras de um modo crítico e inovador. O movimento teve três fases diferentes que duraram cerca de quatro décadas no Brasil.

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Escrito por Redator Especialista em Literatura

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