O neocolonialismo africano, também conhecido como imperialismo, não foi nada mais do que uma política de expansão, tanto econômica quanto territorial. O processo foi comandado por potências europeias a partir do século XIX.
Para se ter uma ideia, esse fato histórico, juntamente com a neocolonização da Ásia, foi um dos principais responsáveis pela eclosão da Primeira Guerra Mundial.
No entanto, como será que tudo isso aconteceu? Quais foram os motivos para a ocupação da África ter sido um dos estopins para a Primeira Guerra Mundial? Quais as consequências dessa política para o continente africano como um todo?
Ter em mente todas essas e outras questões é fundamental para conseguir entender de fato o que aconteceu. E, consequentemente, conseguir responder da forma correta às perguntas de vestibulares e do Enem a respeito desse tema – que por sinal é bastante cobrado.
Pensando nisso, ao longo deste conteúdo você compreenderá tudo a respeito do neocolonialismo na África. Desde o contexto histórico da época até as principais consequências que essa ocupação teve para o continente africano. Boa leitura!
Contextualização: Europa no século XIX
Como já explicado antes, o processo de ocupação da África pelas potências europeias começou a partir do século XIX.
Sendo assim, é de suma importância entender que durante essa época a Europa estava passando por várias transformações tecnológicas. Portanto, esse processo posteriormente passou a ser chamado de Segunda Revolução Industrial.
Nesse período, novas fontes de energia passaram a ser bastante usadas, como é o caso principalmente da energia elétrica. Também ocorreram diversos avanços na indústria química e na de metais pesados, bem como nos meios de transporte.
Então, a consequência de todo esse processo foi o começo de uma fase diferente do capitalismo. Tal fase passou a estipular o impulso colonialista mais como uma necessidade do que qualquer outra coisa.
Matérias-primas
Essa colonização tinha como objetivo obter matérias-primas a fim de suprir o avanço industrial que estava acontecendo nas principais potências industrializadas. Mas ela também visava conquistar novos mercados consumidores para os materiais que eram produzidos nesses países – a maioria da Europa.
Foi então que praticamente todos os impulsos neocolonialistas das potências europeias se voltaram tanto para a África quanto para a Ásia. Isso porque grande parte do continente americano já havia passado ou estava passando por processos de independência.
Como esses dois continentes estavam acessíveis à Europa, deu-se início ao processo de ocupação. Falando especificamente sobre a África, que é o assunto principal deste conteúdo, vale ressaltar que o principal interesse dos europeus no continente era a vasta riqueza de recursos que ele apresentava.
Corrida da África: a ocupação do continente
Antes de qualquer coisa é importante deixar claro que o conceito “corrida da África” foi criado para representar toda a ocupação que o continente enfrentou a partir da segunda metade do século XIX. Afinal de contas, foi exatamente nesse período que os países europeus começaram a ocupar o local de forma bastante sistemática.
Uma informação válida de mencionar é que durante o processo de ocupação da África, as potências europeias contavam com um discurso totalmente civilizatório com o objetivo de justificarem suas ações.
Em linhas gerais, esses países diziam que a dominação do continente africano estava acontecendo para que fosse possível levar até o local o modo de vida mais desenvolvido do ocidente.
Isso, portanto, era justificado ainda mais por conta de todas as tecnologias que tinham surgido. Outro argumento bastante utilizado como justificativa também era a difusão do cristianismo.
Interesse econômico
Todavia, você precisa ter em mente que todas essas questões foram utilizadas somente para camuflar o real interesse das potências europeias na região, que era totalmente econômico. Algumas teorias também relacionavam essa dominação com preconceito étnico e racial, já que o povo ocidental se achava de alguma forma “superior”.
De qualquer forma, independentemente dos motivos que levaram as potências europeias a ocuparem o continente africano, a conquista no geral foi bastante simples.
De acordo com alguns historiadores, isso aconteceu porque os países já tinham conhecimento a respeito da África por conta de algumas atividades missionárias, que haviam desenvolvido no local, e das expedições responsáveis por mapear o território como um todo.
Tudo isso, é claro, permitiu que a Europa ficasse por dentro de inúmeras características do continente africano, principalmente das suas fraquezas.
Conferência de Berlim: seu papel no neocolonialismo
Parece até um pouco estranho relacionar a Conferência de Berlim com a ocupação da África, não é mesmo? Pois então fique sabendo que eles possuem sim uma relação muito importante entre si.
Para entendê-la você precisa considerar, antes de qualquer coisa, que o neocolonialismo no território africano estava acontecendo de uma forma bastante desordenada e intensa. A consequência disso foi o aparecimento de vários conflitos diplomáticos por conta de questões territoriais.
Então, para tentar amenizar um pouco o processo, Portugal decidiu sugerir a realização de uma conferência internacional com o objetivo de discutir essas questões e analisar o que poderia ser feito.
A boa notícia é que a ideia foi levada adiante por Otton von Bismarck, o qual acabou realizando entre 1884 e 1885 a Conferência de Berlim na Alemanha.
Nações participantes
No total, 13 nações diferentes participaram da Conferência de Berlim: Espanha, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Portugal, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, França, Império Otomano, Áustria-Hungria e Holanda.
De forma geral, essa conferência organizou a divisão, assim como a ocupação, do continente africano, ou seja, determinou exatamente a divisão territorial da África entre as potências europeias.
Neocolonialismo: consequências para a África
Infelizmente, esse processo de ocupação da África acabou deixando para o continente uma série de consequências, afinal de contas mais de 90% de todo o território foram dominados pelos europeus.
Falando especificamente sobre as consequências, uma das principais entre elas foi o fato de que milhões de africanos morreram por conta de toda a exploração predatória que aconteceu no local juntamente com a ocupação.
Além disso, outro resultado negativo do neocolonialismo para a África foram as mudanças ocasionadas em diversos setores. Um deles foi no âmbito geográfico, responsável pela junção e pela separação de tribos. Portanto, isso acarreta desentendimentos até os dias de hoje.
Pode-se dizer que a ocupação da África levou o território a enfrentar duras guerras civis e ao empobrecimento da população.
Dicas para o Enem e vestibulares
O neocolonialismo, como deu para notar, deixou inúmeras consequências para o continente africano. No entanto, as potências europeias também tiveram que enfrentar alguns problemas após a ocupação, e é importante saber sobre isso antes de fazer qualquer prova.
A diferença é que os principais problemas enfrentados pela Europa estavam diretamente relacionados às divergências e rivalidades entre as potências na hora da divisão dos territórios africanos. E isso acabou sendo um dos motivos da eclosão da Primeira Guerra Mundial algum tempo depois.
Dessa forma, se alguma questão relacionar o neocolonialismo na África com a Primeira Guerra Mundial fique bastante atento!
Exercícios de vestibulares resolvidos
Percebeu que, para entender a ocupação da África da maneira correta, é necessário analisar todo o contexto histórico da época e de compreender os motivos pelos quais as potências europeias decidiram colonizar o continente?
Então, para saber se você realmente não tem mais nenhuma dúvida sobre o tema, tente resolver os dois exercícios a seguir com muita calma e atenção.
1. (Enem) A formação dos estados foi certamente distinta na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os estados atuais, em especial na América Latina – onde as instituições das populações locais existentes à época da conquista ou foram eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil -, são o resultado, em geral, da evolução do transplante de instituições europeias feito pelas metrópoles para suas colônias.
Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais.
Na Ásia, a colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do estado asiático.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo: EdUSP, v. 22, n.º 62, jan.- abr. 2008 (adaptado).
Pergunta
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto.
A) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil, conflitos étnicos e culturais como os ocorridos na África estiveram ausentes no período da independência e formação do Estado brasileiro.
B) A maior distinção entre os processos históricos formativos dos continentes citados é a que se estabelece entre colonizador e colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais.
C) À época das conquistas, a América Latina, a África e a Ásia tinham sistemas políticos e administrativos muito mais sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo colonizador.
D) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por terem sido eliminadas à época da conquista, sofreram mais influência dos modelos institucionais europeus.
E) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espírito das formas de organização anteriores à conquista.
Resposta correta: alternativa B.
2. (UDESC) No decorrer do século XIX, as grandes potências europeias lançaram-se à conquista colonial da África e da Ásia. Sobre a ocupação da África e suas consequências, é incorreto afirmar:
A) A violência em que se deu a colonização provocou grandes distorções nas estruturas econômicas, sociais e culturais dos territórios dominados. Intrigas entre etnias foram estimuladas e antigos reinos destruídos, vencidos pela superioridade militar dos colonizadores.
B) Os europeus demarcaram fronteiras, confiscaram terras, forçaram grupos nômades a fixar-se em territórios específicos. Em consequência disso, os Estados africanos atuais, na sua maioria, não têm a mesma unidade cultural, linguística e social.
C) A ocupação do território africano destruiu estruturas tradicionais; a economia comunitária ou de subsistência foi totalmente desorganizada, pela introdução de cultivos e outras atividades, destinadas a atender exclusivamente às necessidades das metrópoles.
D) A ocupação europeia beneficiou o continente africano, pois possibilitou a inserção da África na economia capitalista mundial. Antes da colonização europeia, a economia africana restringia-se a suprir as necessidades básicas de sua população; assim, os africanos viviam sob condições de vida bastante atrasadas.
E) A ocupação das colônias criou sérios problemas (muitos ainda não resolvidos, mesmo na atualidade). Pode-se dizer que muitos dos conflitos étnicos que existem hoje na região são consequências da dominação colonial da África.
Resposta correta: alternativa D.
O que achou das duas questões? Depois de ter lido atentamente todo o conteúdo com certeza ficou fácil de respondê-las, não é mesmo? Afinal, com muita leitura e exercícios não é nada difícil entender de fato o neocolonialismo na África!